domingo, 10 de agosto de 2014

"O Farol", uma relação de amor entre pai e filho





   Para o dia de hoje, em homenagem à todos os pais (e mães, tios e tias, irmãos e irmãs, vovôs e vovós que por vezes também se tornam "pais"), gostaria de compartilhar um curta animação emocionante e super premiado.

   "O Farol" (2010), de Po Chou Chi, com composições de Chien Yu Huang, conta a história de um pai e seu filho que moram em um farol unidos por um intenso amor.

  Impossível assistir "O Farol" e não pensar em meu pai, em minha família e se emocionar... Em pouco mais de sete minutos, a animação nos faz refletir profundamente sobre o universo da família imerso na passagem do tempo: sobre os ciclos da vida. Nos toca de maneira única através da relação entre pai e filho (repleta de respeito, carinho e admiração), que se desenvolve firme, vencendo barreiras como  a distância e o tempo. Tempo este que simboliza de maneira sutil, paralelamente, o crescimento do filho e o envelhecimento do pai. Porém, é através da força que os laços do afeto e do amor constroem, que sempre irá existir, sinalizados por um farol eternamente ali erguido, um rumo certo a seguir. Seja na hora da partida ou na hora da chegada.






"Essa é uma história sobre os pais apoiarem os seus filhos para transformar sonhos em realidade. Porque não importa o que aconteça, os pais serão sempre à espera de seus filhos, assim como o farol iluminando sempre para os barcos."
Po Chou Chi


► Assista e se emocione com "O Farol":





*Po Chou Chi nasceu em Taiwan e hoje vive em Los Angeles, EUA. Mais sobre o artista e seu trabalho em seu blog: http://mangoning.blogspot.com.br/

domingo, 13 de julho de 2014

24 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)




    Hoje, dia 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 24 anos, e tem como objetivo único garantir que todas as crianças brasileiras desfrutem de uma infância plena e feliz.

   A Constituição Federal Brasileira de 1988, é o mais importante conjunto de normas do país, que determina atribuições e limites das instituições, deveres do Estado e direitos dos cidadãos. Para ser efetivada, os preceitos da Constituição devem ser transformados em leis. No caso da infância, a lei mais importante é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seguindo os princípios da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 1989, o Brasil foi um dos primeiros países a construir um marco legal na proteção da infância e tem como base a doutrina de proteção integral, reforçando a ideia de absoluta prioridade da Constituição Federal Brasileira: O ECA, que instituído pela Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, reconhece e regulamenta os direitos da criança e do adolescente: o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

  No ECA estão determinadas questões, como os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes; as sanções, quando há o cometimento de ato infracional; quais órgãos devem prestar assistência; e a tipificação de crimes contra criança.

   Embora o ECA e todas as outras leis criadas que visam a proteção da infância sejam um grande avanço, ainda há muito a avançar nas questões politicas públicas para defender as crianças. Estas devem ser mais efetivas, não só na questão das violências, como nas diversas situações onde direitos de crianças e adolescentes são feridos cotidianamente. É preciso criar espaços para discutirmos problemas relacionados, por exemplo à violência contra a criança e adolescentes, tanto no ambiente familiar quanto na rua, ainda tão presentes em nossa sociedade. Há muito trabalho pela frente se quisermos transformar a teoria em prática!


► Para conhecer mais sobre:

segunda-feira, 16 de junho de 2014

V Jornada pedagógica da Educação Infantil/2014: O Pedagógico de tudo e de todos na diversidade

*Postagem também publicada no Blog EDI Renan de Souza Leal






*As imagens utilizadas nos slides fazem parte da série "Latifúndio", arte de Raimundo Rodrigues.
As utilizei pois achei que representavam muito bem o tema Diversidade.


  No início do mês de junho aconteceu a V Jornada pedagógica da Educação Infantil nas unidades escolares de Educação Infantil da rede municipal de ensino do Rio de janeiro. No EDI em que trabalho (EDI Renan de Souza Leal), as professoras foram convidadas a participarem desenvolvendo cada uma um tema diferente a cada dia. 
Segue a dinâmica do "meu dia", espero que gostem!



   Confesso que quando a Diretora Renata me passou a tarefa de desenvolver a temática de um dos dias da V Jornada pedagógica da Educação Infantil, fiquei meio desconfiada, já fui logo perguntando se só eu havia sido "convocada", daí ela me mostrou o material e disse, olha aí, não vai querer não? Quando eu vi a palavra DIVERSIDADE meus olhos brilharam logo, olhei pra ela e ela já estava rindo!

   Bem foi assim que aderi imediatamente a ideia de promover um debate proveitoso com meus colegas de trabalho. Quando me perguntavam sobre o que eu ia "falar" e eu respondia, já vinha logo um: "Ah, esse tema é a sua cara!". E deve ser mesmo, na verdade esse é um tema que mexe muito comigo: gênero, raça, sexualidade, laicidade, por exemplo, são questões que estudo, que "brigo" e que tem tudo a ver com DIVERSIDADE... O pessoal que trabalha comigo bem sabe, e fiquei muito feliz quando notei que alguns estavam curiosos pelo "meu dia" da semana.

  Antes de tudo, convidei as AEI's (Agentes de Educação Infantil) que trabalham comigo para participarem, afinal nada mais justo, já que elas constroem comigo e com as crianças, dia-a-dia, esse nosso aprendizado tão diverso. Elas toparam, e embora uma delas estivesse de licença, no dia esteve presente integrando nossa apresentação. Estudamos, pesquisamos, trocamos ideias e decidimos o passo-a-passo do nosso dia.

   Dia 9 de junho. Iniciamos o encontro com uma dinâmica, onde formamos duas fileiras de pessoas. Estas pessoas ficaram uma de frente para outra e assim puderam, a partir do toque, reconhecer as mãos de quem estava à sua frente. Após, a surpresa: uma fileira ficou com os olhos vendados e a outra, de lhos bem abertos, circulando (ao som de canções de ninar de culturas diferentes da nossa: africanajaponesaucranianaturca, entre outras, todas de uma coleção de animações russas), trocaram de lugar para que quem tivesse com os olhos vendados, com o toque novamente, encontrasse aquela pessoa primeira que lhe deu as mãos para reconhecer. Cada um encontrando as "suas mãos", fizemos novamente a dinâmica, agora, trocando os papéis: quem ficou de olhos abertos, agora iria vendá-los.



Após o relaxamento da dinâmica, começamos apresentando nosso tema com um conceito da palavra DIVERSIDADE (ver imagem 2 dos slides apresentados no início da postagem). A partir de então aconteceram as reflexões. Palavras como preconceito, igualdade, respeito, dificuldade, limite, união, exercício, machismo, classe, gênero, raça, compreensãocor, cabelo, tolerânciapele, menino, menina, comportamento, religião, cultura, aceitar, pensar, mistura, diferença, neutralidade, crença, entre tantas outras, surgiram para conseguirmos de alguma forma dimensionar, ou tentar definir, como fazer para que respeitando a diversidade, possamos promover a igualdade nos "tratamentos" no ambiente escolar sem gerar prejuízos para nossas crianças e seus familiares, que podem vir como forma de diferentes sofrimentos, constrangimentos e violências.

   Refletimos em cima de citações de Freire e Morin (ver imagens 4 e 5 dos slides apresentados no início da postagem). E a partir disso, casos foram relatados, e em cada um verificamos erros e acertos em nossa postura como educadores/as que somos. Trocamos muito. O que me deixou extremamente satisfeita, é um caminho que aponta para transformações positivas em nosso cotidiano.

    Após, seguimos com a exibição do documentário “Bebês”, de Thomas Balmès (França - 2010). Não teve quem não se encantasse com o documentário. Momentos de estranheza e de reconhecimento no desenvolvimento dos bebês de culturas diferentes da nossa, umas mais outras menos, como foi observado pela maioria, mas diferentes. O documentário apresentava o cotidiano de quatro bebês de países distintos: Mongólia, Namíbia, Japão e Estados Unidos.



Acima, o trailler do documentário. Aqui, o link do documentário na íntegra no Vimeo.


   Em seguida, exibimos a "Roda de Conversa" que a SME/RJ nos enviou para acrescentar em nosso debate (composta por professores/as de Ed. Infantil da rede e mediada pelo Professor e consultor na área de Concepções do Currículo, Ronaldo Amaral). Porém, todos nós achamos que nesta "fugiram" um pouco do tema proposto e confesso que me frustrei, esperava mais. Esperava que entrassem de fato na "Diversidade". Estranho é que é um tema super atual e necessário, sem contar que já há bastante material e estudos acadêmicos sobre... Sinto que perderam uma ótima oportunidade de entrarem nos temas pertinentes. Falar de diversidade realmente não é fácil (talvez deveriam ter convidado alguém mais familiarizado com a temática), mas achei que os/as participantes da Roda de Conversa que foi exibida se restringiram a falar de "diferenças" e "igualdades" na 1ª infância, e não de diversidade de fato. Eu gostaria de ter visto falas sobre igualdade de oportunidades, preconceito e discriminação em relação à cor, gênero, deficiência, orientação sexual, crença, por exemplo. E ainda que tivessem restringido o debate somente ao documentário (que por sinal riquíssimo!), não houveram falas sobre a diversidade cultural e econômica, nas peculiaridades do "se desenvolver" no urbano e não-urbano, que é extremamente marcante na história personagens/famílias do documentário... Enfim, achei que o debate que nós promovemos na unidade escolar foi bem mais rico e produtivo em relação a proposta.


   Ao fim, fechamos o dia com os registros. Estes foram criados em dupla, cada uma delas ficou responsável por (re)criar plasticamente um bebê correspondente a um país do documentário que havíamos assistido (através de sorteio). Além disso, deveriam identificar algo de semelhante e de diferente no desenvolvimento desses bebês da nossa realidade. O resultado foi surpreendente e nos divertimos muito ao desenvolver essa atividade.

























   E por fim, juntos, construímos um aprendizado diversificado e incrível! Aliás agradeço imensamente a participação/ajuda de todos/as para que as coisas acontecessem. Especialmente à Diretora Renata que teve a sensibilidade de me convidar para um tema tão querido. E agradecimentos também à Andreia e Telma, por terem aceitado construir esse dia comigo, pois elas fazem parte da diversidade do meus dias de trabalho e não poderia estar de fora dessa!



Viva à Diversidade!!!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Quem disse que os pequenos não entendem de arte?!



    Na última semana de aula com a minha turminha, já com o coração apertado prevendo as emoções que estavam por vir nas festividades e despedidas do ano letivo, recebi uma cartinha de Thaís Orsino, mãe de Leandro (aluno da minha turma - EI 31, Maternal II) do EDI Renan de Souza Leal no ano de 2013) sobre as impressões que ela teve sobre o desenvolvimento de seu filho em relação ao projeto "Fazendo Arte com Tarsila", que trabalhamos esse ano com as crianças sobre as obras de Tarsila do Amaral. E ao ler em voz alta pra minhas agentes, Telma e Andrea, nos emocionamos juntas... Sabe aquela sensação de dever cumprido? Sabe aquela sensação de que estamos no caminho certo? Sabe quando as energias e esperanças se renovam para mais mil anos de trabalho? Sabe, sentir alegria e realização? Pois é, foi desse jeito que ficamos após lermos o relato da Thaís...

    E foi por acreditarmos que a Arte é fundamental em nossas vidas, que a Arte deve e precisa estar em sala de aula, que a Arte é sim um caminho cheio de positividades e conhecimento, e que para fazer/apreciar Arte não há idade precisa, decidimos compartilhar esse relato com o mundo. Segue abaixo as palavras com as quais Thaís nos presenteou:


Leandro, na nossa releitura da obra "O Vendedor de Frutas", de Tarsila do Amaral.

    Certo dia, assistindo TV com meu filho, passou um comercial que falava sobre Tarsila do Amaral. Sem prestar atenção ao comercial, meu filho insistiu para que eu assistisse e chegando ao fim do anúncio apareceu uma foto da Tarsila e sem nem pensar ele logo disse: "Mãe, aquela é a Tarsila do Amaral! Lá na escola a Tia Érica faz um montão de desenhos dela pra gente pintar!" - Achei incrível o meu pequeno reconhecer a autora de grandes obras.


Leandro, em sala de aula, durante as atividades do
Projeto "Fazendo Arte com Tarsila"
  
    Em uma outra ocasião a tia dele estava estudando e ele pegou um dos livros dela para olhar as figuras e de cara ele reconheceu uma e perguntou: "Tia, você sabe que desenho é esse?" e a Tia disse: "Leandro, eu não sei não. Pergunta a tua mãe.", ele levantou com o livro nas mãos e falou indignado: "Tia tu é burra? Esse é o Abaporu da Tarsila do Amaral, não sabe não?!", a Tia riu e logo me chamou e perguntou como ele sabia o nome e quem fez aquele desenho. Eu disse que na escola do leandro tinha um projeto de Artes falando sobre as obras da Tarsila do Amaral e a Tia dele achou muito legal.




    Isso é mais uma das provas de que vale a pena investir no conhecimento dos pequeninos e que esse investimento terá sim retorno, e por sinal bem positivos.

   Agradeço a predisposição da Professora Érica e de suas agentes, pois não é em qualquer lugar que encontramos pessoas que ainda acreditam no valor da arte e no que ela pode oferecer para o futuro dessas crianças.

   Parabéns pelo grande trabalho que fizeram!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Enriqueta para o dia de hoje!


 Ano passado, em uma exposição na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, intitulada "Macanudismoconheci o trabalho do argentino Liniers, e desde então sou apaixonada por seus quadrinhos que com muito bom humor consegue descomplicar as coisas de tal forma que fica impossível não compreender que a vida simplesmente deve ser vivida de maneira leve, mas para além do que se vê! Liniers consegue transformar situações cotidianas em arte e fantasia.

   Dos seus personagens, plenos de poesia e clareza, como os pinguins e os duendes, Olga, a menina Enriqueta, seu urso Madariaga e o gato Fellini, são meus preferidos. E como Enriqueta adora ler, ela se tornou perfeita para o dia de hoje (Dia Nacional do Livro): na tirinha escolhida ela mostra ao Fellini como é fácil estar em dois lugares ao mesmo tempo!






 ♥ Pratique Leituras! ♥


► Mais sobre Liniers:

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Comissão aprova temática de gênero no currículo da rede de ensino




   Promover debates e reflexões sobre a violência contra as mulheres e entre gêneros pode ser um bom instrumento para uma convivência harmoniosa entre alunos.

   Projeto de Lei (PL 7627/10) da deputada Janete Rocha Pietá, do PT de São Paulo, foi aprovado na quarta-feira (16) pela Comissão de Educação e torna obrigatória a inclusão da temática gênero e suas relações intra e interpessoais nos currículos escolares.

   O objetivo é incentivar o estudo e o diálogo sobre o tema gênero, promovendo uma mudança cultural em favor da igualdade entre os sexos.

   Na justifica do projeto, a deputada Janete Rocha Pietá esclarece que a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006) não é suficiente para coibir a violência doméstica contra a mulher.

   Segundo o relator substituto, deputado Jean Wyllys, do PSOL do Rio de Janeiro, o projeto não trata de uma disciplina no currículo e, sim, da garantia, na lei, de que a temática seja abordada entre as disciplinas ministradas.

   "É importante porque o Brasil é um dos países campeões de feminicídio, de violência, de assassinato de mulheres e violência contra a mulher. Apesar da Lei Maria da Penha, o número ainda é muito grande de violência contra mulher e isso é uma questão cultural. Se a gente trabalha a equidade de gênero, se a gente explica para a comunidade escolar que homens e mulheres devem ser tratados de maneira igual e ter acesso igualitário aos direitos e à dignidade e que as escolhas e liberdade têm que ser respeitadas, a gente desconstrói essa cultura de violência contra a mulher."

   Para a professora de História, Identidade e Cidadania da Universidade de Brasília (UnB), Renizia Cristina Garcia Filice, o projeto se justifica, pois o Brasil enfrenta uma realidade de violência e preconceito contra as mulheres que precisa ser tratado.

   "À medida que a mulher vai avançando, também há uma resistência da maturidade ainda muito patriarcal, para que ela não ocupe determinados espaços. As pessoas têm dificuldade de administrar essas outras realidades que estão prementes na realidade brasileira. Então, falar de educação de gênero nas escolas é você já tratar com muita tranquilidade, de uma forma pedagógica, questões que são muito atuais."

   O projeto altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática gênero.


*Da Rádio Câmara, de Brasília, Lidyane Barros.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aos Educadores e Educadoras...




 Hoje é Dia do Professor, aliás está sendo um dia bem incomum (ainda bem!), pois haverá protestos/manifestações em no mínimo quinze cidades do país reivindicando uma Educação de qualidade.

  Há o que se comemorar? Sim! Pois não me lembro de ter vivenciado um momento tão precioso como o que vivemos agora, especialmente no Rio de Janeiro, no que diz respeito às reflexões sobre a Educação em nosso país, sobre ser educador e sobre tudo o que envolve suas causas e consequências. Querendo ou não a Educação é o ponto de partida para tudo. O que queremos de fato para o nosso país? Da maneira que está não podemos permitir continuar.

   Como educadora do município do Rio de Janeiro (leia a postagem: "Entendendo o plano de carreira proposto pela Prefeitura do Rio de Janeiro") me sinto em dois extremos: por um lado triste, decepcionada com o tratamento, as atitudes/providencias dos governantes (Estado e Município) em relação as reivindicações dos profissionais de Educação e por outro lado feliz e esperançosa ao ver que os educadores se uniram e estão sabendo lutar por seus sonhos, por justiça, por uma Educação de qualidade e melhores condições de trabalho. E mesmo tendo o boicote da "grande mídia" há pessoas que buscam informações além das dadas pelas grandes emissoras de rádio e TV e jornais de maior circulação, compreendem e apoiam a luta dos Educadores.

    Inevitavelmente lembro dos contínuos ensinamentos do mestre Paulo Freire, afinal, "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão" e logo penso nas trocas e transformações que acontecem em nosso cotidiano. Penso em meus professores e em meus alunos, penso em meus colegas de profissão, penso no que aprendi e no que posso ter ensinado, penso em meus desejos como aluna e professora... É preciso não só sonhar como fazer os sonhos se realizarem. E é por isso que deixo não só os meus parabéns mas principalmente meus sinceros agradecimentos a todos os educadores e educandos de nosso país que em suas lutas, diariamente, contribuem para que as esperanças não morram, contribuem para a crença em um futuro sem desigualdades, com mais respeito e solidariedade.

   Deixo aqui as palavras/reflexão do Professor e Deputado Estadual (PSOL/RJ) Marcelo Freixo, ditas hoje em homenagem aos professores brasileiros que estão em luta por uma Educação de qualidade. Que não percamos a esperança nunca!



"O professor não ensina através de sua educação bancária, depositando conteúdo na cabeça de alguém, como condenava Paulo Freire. Não! O educador ensina na sua prática."

Marcelo Freixo, em 15/10/2013

domingo, 13 de outubro de 2013

Entendendo o plano de carreira proposto pela Prefeitura do Rio de Janeiro

*Publicado (em 12 de outubro de 2013) no Blog Capitalismo em desencanto, por Juliana Lessa.

  Quando os professores da rede municipal entraram em greve no dia 8 de agosto, eles tinham uma extensa pauta de reivindicações, que incluía, por exemplo, a aplicação de 25% do orçamento municipal diretamente em educação (como manda a Constituição), a redução do número de alunos em sala de aula, a climatização das escolas (promessa de campanha de Eduardo Paes), a melhoria estrutural das escolas, a volta do 6º tempo de aula (para que os alunos tenham a mesma carga horária de escolas privadas ou da rede federal), o fim da política de meritocracia na rede pública, 1/3 da carga horária para planejamento e a elaboração de um Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCR) unificado para todos os profissionais da educação. Durante o mês de agosto, o SEPE (sindicado dos profissionais da educação) e os representantes do governo (Cláudia Costin, Pedro Paulo, Eduardo Paes) se reuniram diversas vezes para negociar. A cada negociação, foram assinadas atas de compromisso, que o Sindicato levou para a sua base, para que esta avaliasse as propostas do governo. Vale lembrar que essas propostas não pressupunham sua aplicação imediata, mas sim a abertura de discussão – por meio de Grupos de Trabalho (GT’s) – para que se chegasse a um calendário de efetivação das reivindicações da categoria.
Assembleia de Professores, em frente ao prédio da Prefeitura do Rio de Janeiro
Assembleia de Professores, em frente ao prédio da Prefeitura do Rio de Janeiro
  Com o aparente avanço nas negociações, a categoria decidiu retornar ao trabalho, no dia 10/09, dando um voto de confiança à gestão Paes/Costin. Nós trabalhamos do dia 11 ao dia 20 de Setembro, aguardando o avanço das reuniões dos GT’s e a elaboração do nosso PCCR. Durante esse período, os representantes do SEPE não foram convidados para discutir as diretrizes do plano. No dia 16/09, o prefeito Eduardo Paes apresentou, em um almoço fechado, sua proposta aos vereadores de sua base aliada, sem dar a chance para que os vereadores de oposição ou o Sindicato e a própria categoria tomassem conhecimento do conteúdo do plano, antes que este fosse enviado à Câmara dos Vereadores para ser votado em regime de urgência. O regime de urgência, aliás, era uma demanda dos professores, para evitar a enrolação na aprovação do plano, mas, até aí, ninguém tinha conhecimento de seu conteúdo.
Paes apresenta proposta aos vereadores da base aliada
Paes apresenta proposta aos vereadores da base aliada
  A proposta do governo foi enviada ao SEPE no dia 17/09 – mesmo dia em que foi enviada, em definitivo, à Câmara dos Vereadores. A base aliada do governo propôs algumas emendas, mas nem isso foi suficiente para frear a insatisfação dos professores. No dia 26/09 ocorreu a primeira tentativa de aprovação do PCCR, mas os professores decidiram ocupar o Palácio Pedro Ernesto, mostrando para o poder Legislativo que aquela proposta não era de seu interesse. Não vou nem entrar no debate sobre a truculência do governo na desocupação da Câmara (30/09) e sobre a aprovação desse plano sob estado sítio (01/10). Vou apenas mostrar o porquê esse plano contribui, ainda mais, para a precarização das condições de trabalho dos educadores.
Cinelândia sitiada, na aprovação do plano.
Cinelândia sitiada, na aprovação do plano.
  Um dos pontos de discordância entre professores e governo – que foi bastante veiculado pela mídia – se refere ao fato de que o plano só atende aos professores que trabalham em regime de 40 horas semanais, o que representa apenas 7% da categoria. Os demais professores – que trabalham em regimes de 16h, 22,5h e 30h semanais – ficaram de fora dos “benefícios” (?!) oferecidos pelo plano. O governo disse que permitirá que alguns professores da rede migrem para o regime de 40h, mas nem todos poderão fazê-lo, pois muitos professores possuem duas matrículas e porque alguns professores já estão próximos da data de aposentadoria (o que impede a mudança de regime de trabalho). Além disso, o governo não definiu critérios para escolher quais professores poderão mudar de regime de trabalho. Mas a coisa não para por aí, ao contrário do que tem sido dito. No artigo 4º, que define quem são professores de ensino fundamental, lê-se o seguinte:
“II – Professor de Ensino Fundamental – PEF – para o exercício de atividades docentes em turmas da Educação Infantil ao nono ano do Ensino Fundamental, criado nos termos desta Lei.”
  Ou seja, todos os professores que possuem licenciatura plena são jogados nessa categoria generalista “PEF”. Não há definição em relação às disciplinas ou em relação ao nível de atuação desses profissionais. Não fica claro quem vai atuar no 1º segmento (turmas de 1º ao 5º ano, quando ocorre a alfabetização, por exemplo) ou quem vai atuar no 2º segmento (turmas de 6º ano 9º ano). Isso permite que todos os professores da rede atuem em qualquer nível da escolarização ou em qualquer disciplina, institucionalizando a prática do professor polivalente – que já vem ocorrendo na rede municipal, através de projetos de aceleração de aprendizagem. São projetos que a prefeitura compra da Fundação Roberto Marinho, do Instituto Ayrton Senna, da Fundação Itaú Social… Em entrevistas, o prefeito argumentou que ninguém será obrigado a atuar como professor polivalente, mas e quanto aos alunos? Será que é justo que um aluno seja alfabetizado por um professor de Matemática? Será que é justo ter aulas de Ciências com professores de História? Além disso, o que garante que ninguém será obrigado a atuar dessa forma, se o plano é omisso? Nesse mesmo artigo, também está prevista a criação do cargo de professor de ensino religioso, mas isso não foi discutido, em nenhum momento, com a categoria. Por que incluíram isso no plano?
  Na rede federal, por exemplo, todos os professores ficam no mesmo cargo “Docente da Educação Básica, Técnica e Tecnológica”. Mas a atuação de cada um deles é especificada, de acordo com sua formação. Assim, temos: Docente EBTT – História; Docente EBTT – Matemática ou Docente EBTT – 1o Segmento; etc.
  O plano também tratou da progressão por tempo de serviço, estabelecendo o seguinte, no artigo 11º:
“I – Nível 1: de 0 a 5 anos;
II – Nível 2: mais de 5 até 8 anos;
III – Nível 3: mais de 8 até 10 anos;
IV – Nível 4: mais de 10 até 15 anos;
V – Nível 5: mais de 15 até 20 anos;
VI – Nível 6: mais de 20 até 25 anos;
VII – Nível 7: mais de 25 anos.”
  No plano da prefeitura, a progressão se restringe a sete níveis, que só podem ser vencidos após muitos anos de atuação. Enquanto isso, o salário dos professores permanece praticamente o mesmo. Os triênios não representam avanços de nível e correspondem, na média, a menos de 10% de aumento salarial. A diferença salarial entre os níveis da carreira são ínfimos, assim como as gratificações por titulação (a diferença entre mestrado e doutorado não chega a 100 reais). Além disso, não existe a garantia de que todos os professores que possuem títulos poderão receber a gratificação correspondente, já que o artigo 17º diz que o enquadramento se dará “a partir de critérios e número de vagas a serem estabelecidos pelo Poder Executivo, de acordo com os valores constantes na tabela do Anexo III desta Lei, que não serão cumulativos.” Ou seja, a concessão de gratificações por titulação não é automática para todo mundo, ficando restrita a um percentual máximo do universo de professores que são 40h. Isso já é péssimo, porque cria distinções salariais entre pessoas com a mesma formação, mas ainda assim, o plano não define quais são os critérios de escolha daqueles que receberão o benefício, jogando para o Executivo esse poder.
  É verdade que o plano equipara o valor da hora/aula de todos os professores com o mesmo nível de formação. Assim, mesmo aqueles professores que permanecerem nos regimes de 16h, 22,5h ou 30h semanais receberão um salário proporcional ao que é pago aos professores que trabalham 40h. Mas e os outros “benefícios” (?!) oferecidos pelo plano? Como será a progressão desses profissionais? E as gratificações por titulação? Mais diferenciações na carreira…
 As emendas apresentadas pelos vereadores da base aliada se concentraram, principalmente, na correção de valores. De acordo com a tabela abaixo, um professor com licenciatura plena em início de carreira ganharia pouco mais de 4.000 reais. É um salário razoável, se comparado a outros profissionais de nível superior em início de carreira? Sim, mas há que se considerar algumas questões. Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que os ganhos oferecidos pela progressão por tempo de serviço, por titulação e por triênios são pífios! Isso faz com que o salário seja achatado, ao longo da carreira. Isso significa que um professor que já está para se aposentar ganha um salário não muito maior do que um professor que acabou de entrar na rede. Ou seja, o salário não aumenta, assim como pode ocorrer com outros profissionais de nível superior. O plano oferece a possibilidade para que um professor ganhe em torno de 9.000 reais, mas, para isso, ele terá que ter mestrado, doutorado, pós-doutorado e terá que trabalhar 30 anos!!! Fora do magistério, um profissional com esse nível de formação e com esse tempo de serviço, certamente ganharia muito mais. Mas também não são todos os professores que terão direito a esse aumento, já que, como vimos, a concessão da gratificação por titulação será restrita a um número de vagas não especificado no plano.
Tabela de vencimentos dos professores do Rio de Janeiro, antes e depois das emendas propostas pelos vereadores da base aliada.
Tabela de vencimentos dos professores do Rio de Janeiro, antes e depois das emendas propostas pelos vereadores da base aliada.
  Comparando esse PCCR, com a carreira da rede federal, percebemos o quanto a prefeitura não investe em valorização profissional. Em primeiro lugar, na rede federal, a carreira é dividida em 12 níveis (5 a mais do que na rede municipal) e a progressão é feita de dois em dois anos. Além disso, caso um professor tenha mestrado ou doutorado, ele pode avançar alguns níveis na carreira, sem contar com a gratificação por titulação. Portanto, a rede federal oferece a possibilidade de progressão por tempo de serviço e por formação. Assim, um professor em início de carreira na rede federal, que trabalhe em regime de 40h/DE, e que não tenha mestrado ou doutorado, ganharia algo em torno de 3.600 reais. É pouco, mas, caso ele faça mestrado, seu salário pularia imediatamente para mais de 5.400 reais, contando apenas a gratificação pelo título – ou seja, sem contar com os avanços de nível. Caso o professor faça doutorado, seu salário pularia, automaticamente, para mais de 8.000 reais – também sem contar com os avanços de nível. No fim de carreira, um professor com doutorado ganha pouco mais de 13.400 reais. Ao contrário do que ocorre na rede municipal, na rede federal, a gratificação por titulação é automática e não fica restrita a um percentual máximo dentro do universo de professores. Vale lembrar que, na rede municipal, os professores que trabalham em regime de 40h (com ou sem a dedicação exclusiva) são obrigados a dar 32 tempos de aula por semana – o que, na prática, significa uma dedicação exclusiva forçada, já que, com tantos tempos de aula, é difícil ter outros empregos. Mas, apesar disso, a prefeitura não paga a gratificação por dedicação exclusiva, mesmo quando a exige formalmente nos concursos. Na rede federal, além de haver um esforço para que todos os professores tenham dedicação exclusiva, o regime de trabalho de 40h/DE significa uma carga horária máxima de 24 tempos em sala de aula.
Tabela de vencimentos da rede federal - progressão por qualificação e por tempo de serviço
Tabela de vencimentos da rede federal – progressão por qualificação e por tempo de serviço
  Diante de tudo isso, é inacreditável que o governo e a mídia continuem classificando os professores como intransigentes, mas foi o próprio prefeito que disse que não vai mais negociar com o sindicato. Enquanto isso, os vereadores da base aliada simplesmente ignoraram as vozes de milhares de profissionais da educação, que gritavam contra esse plano e que não se calaram nem diante da repressão policial, nem diante das ameças de represálias feitas pelo governo. Quanto às outras reivindicações do início da greve, nada se fala.
  A educação pública deve ser encarada como uma questão de todos, pois se a rede pública oferecesse serviços de qualidade, não seria necessário que muitas famílias brasileiras comprometessem parte significativa de seu orçamento pagando escolas privadas. É por isso que, nesse momento, o apoio de toda a sociedade é fundamental. Tome partido! Posicione-se publicamente em favor dos professores. Vamos juntos lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Venha prestar sua homenagem aos professores no dia 15 de Outubro, às 17h, na Candelária. Vamos lutar juntos pelo que é nosso!

Outros textos do Blog Capitalismo em desencanto sobre a educação pública do Rio de Janeiro:

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Videogame faz mal?




  Já escrevi aqui no blog sobre minha opinião a respeito dos videogames em Games e Educação - Uma parceria para a melhora do processo ensino-aprendizagem. Quem me conhece sabe que amo videogame e que sempre estou envolvida com o enredo de algum jogo. Defendo os jogos eletrônicos porque não acredito, ainda diferente da maioria dos educadores e responsáveis, que eles possam ser uma ameaça à educação, ao contrário, esses jogos podem ser aliados fortíssimos no processo ensino-aprendizagem. Eu mesma já aprendi muito com eles, abri a mente para diversas culturas diferentes da minha,  pois o conhecimento também se dá em espaços fora dos muros escolares.

  Hoje me deparei com uma matéria de  Iana Chan do site Educar para Crescer, publicada no dia 23/04/2013, interessantíssima entrevista com a Pedagoga Lynn Alves, especialista em Educação e Tecnologia, sobre o tema e gostaria de compartilhar aqui no blog, uma vez que esse tema ainda de certa forma é um tabu para a sociedade em geral, acho válida toda tentativa de eliminar os preconceitos e mitos que envolvem os jogos eletrônicos que não estão englobados nos chamados jogos educativos. 

   Segue abaixo o texto, com alguns links acrescentados.



Videogame faz mal para as crianças?

  Lynn Alves, especialista em Educação e Tecnologia, mostra que os jogos eletrônicos são mais do que puro entretenimento e não determinam comportamentos violentos

  No computador, no celular, na televisão, no console portátil... Os jogos eletrônicos estão em todos os lugares e fazem a cabeça não só de crianças e jovens, mas também de muitos adultos. Seu filho com certeza passa algumas (ou muitas) horas por semana na companhia desses jogos. Será que isso é motivo de preocupação? Jogos eletrônicos podem mesmo levar a comportamentos violentos ou solitários? Atrapalham os estudos?

  A professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e especialista no assunto Lynn Alves defende que não. Diversas pesquisas acadêmicas já desmentiram esses mitos e reconhecem o potencial de aprendizagem dos games, além de sua importância como entretenimento cultural, desde que não se tornem um vício, claro. "Mesmo os games comerciais, ditos não-educativos também podem contribuir para o desenvolvimento de diversas habilidades cognitivas, como interpretação de problemas e tomada de decisão", explica. 

  Em sua tese de doutorado, Lynn analisou a famosa associação entre jogos e comportamentos violentos. Ela descobriu que os jogos são uma oportunidade para os jovens trabalharem seus medos, desejos e frustrações. É como se eles realizassem essas emoções sem precisar correr riscos. E é por isso que os pais devem acompanhar de perto a relação de seus filhos com os jogos: eles não determinam comportamentos violentos, mas podem potencializar algo que já existe na criança. "Se a criança ou jovem apresenta um comportamento violento quando joga", orienta Lynn, "ela está sinalizando que algo não vai bem, e os pais devem investigar se aproximando do filho ou procurando um especialista."

  A popularidade dos jogos eletrônicos está sendo aproveitada inclusive pelas escolas e essa é tendência importante que os pais devem acompanhar. Lynn também coordena o grupo de pesquisadores da UNEB, que, dentre outras coisas, desenvolve jogos com fins de aprendizagens. O mais recente deles,  Búzios - Ecos da Liberdade, é um jogo de aventura que trabalha a Revolta dos Alfaiates, movimento histórico baiano. A estratégia desperta no aluno o desejo por novas informações sobre o conteúdo. "Ele não aprende só no jogo, mas é instigado a ampliar as informações", explica Lynn. 

Confira as orientações da especialista na entrevista:

►Os pais devem se preocupar com jogos eletrônicos?

Lynn Alves: Os pais sempre trataram o videogame como puro entretenimento e, por isso, o tempo gasto com essa atividade era visto como desperdício ou, então, consideravam os jogos violentos demais, e isso supostamente influenciava as crianças negativamente. Essa visão é extremamente maniqueísta, mas está mudando. Um estudo nos Estados Unidos mostra que os pais já conseguem perceber que os jogos podem se transformar em aprendizagem. 

  No Brasil, ainda há uma parcela de pais desconfiados. As pesquisas acadêmicas estão ajudando nesse trabalho de conscientização, mostrando o potencial pedagógico e de aprendizagem dos games. O aspecto do entretenimento também é importante, jogos como o Minecraft  [em que os jogadores coletam matéria-prima para construir com blocos qualquer coisa] provam que é possível aprender por meio da diversão.


►Como os jogos eletrônicos contribuem para o desenvolvimento de crianças e jovens?

Lynn Alves: Os jogos eletrônicos desenvolvem diversas competências e habilidades cognitivas, além de trabalharem aspectos afetivos das crianças e jovens. Todo jogo propõe um problema a ser resolvido. Para tal, o jogador precisa imergir no universo, sondá-lo e conhecê-lo, estabelecer metas para alcançar o objetivo e verificar quais são as ferramentas disponíveis para solução. Tudo isso exige planejamento estratégico, antecipação, negociação, criatividade, imaginação e até coordenação motora. Além disso, os jogos são espaços de sociabilidade e elaboração de conflitos, medos e angústias. Em jogos coletivos, por exemplo, é preciso colaboração e cooperação para alcançar um objetivo.


►Os jogos eletrônicos são capazes de determinar atitudes violentas?

Lynn Alves: A mídia fomenta essa visão: os acontecimentos violentos, como o massacre dos estudantes em Columbine, são prontamente associados ao fato de o criminoso jogar videogame. A violência é um fenômeno mais complexo, que envolve questões sociais, econômicas, culturais, políticas e afetivas... 

  Não existe uma relação de causa e efeito entre jogos e comportamentos violentos. Se um jovem lidar com qualquer mídia (filme, série ou jogo) violenta e apresentar uma atitude violenta, é preciso investigar. Ele está sinalizando que algo não vai bem e os pais devem investigar se aproximando dele ou encaminhando a situação para um especialista. O jogo não é capaz de determinar um comportamento violento, embora possa, sim, potencializar algo que já existe. Os adolescentes vão dando sinais e a gente não se dá conta...


►Como os pais podem garantir o uso saudável dos jogos eletrônicos?

Lynn Alves: Eles devem ficar atentos aos conteúdos dos jogos com os quais a criança interage. Os pais precisam conhecer. Ele deve questionar como seu filho compreende o conteúdo presente no jogo, as questões ideológicas, as éticas, as de gênero etc. Perguntar "o que você está entendendo deste jogo?". Outra dica é se aproximar do universo dos jogos, pesquisando, e criar um relacionamento mais próximo com seu filho.


►Como os pais podem identificar um jogo de boa qualidade?

Lynn Alves: Hoje temos um universo de conteúdo disponível. Se o pai quer estar a par do mundo dos jogos e participar, ele pode entra no Youtube para ver e pesquisar. Ele pode também pesquisar em fóruns a opinião dos próprios jogadores. Há um banco de dados enorme disponível que os ajuda a conhecer e saber se o conteúdo é adequado ou não para o filho dele. 

  O Ministério da Justiça disponibiliza a classificação indicativa de cada jogo. Entre as características a serem observados, destaco a história do jogo, a narrativa, a jogabilidade (facilidade em jogar), as cenas e o conteúdo. Os pais precisam avaliar se seu filho já é maduro o suficiente para lidar com essa.


►Quais são as vantagens de utilizar um jogo educativo nas escolas?

Lynn Alves: Na verdade, trabalho com a ideia de qualquer jogo pode ser educativo, inclusive os jogos comerciais. O que temos hoje são jogos com fins educacionais, que trabalham conteúdos escolares. Com eles, a aprendizagem se torna mais lúdica e prazerosa. O aluno não aprende só no jogo, mas é instigado por ele a buscar novas informações sobre o conteúdo. O jogo pode consolidar o conteúdo que já foi iniciado pela escola. Além de despertar o interesse, o jogo traz ganhos afetivos e sociais, tornando as crianças mais autônomas e cooperativas.

É possível, por exemplo, trabalhar conceitos da Física a partir de Angry Birds [popular jogo de ação em que é preciso lançar pássaros por meio de um estilingue para acertar porcos verdes] ou ver conceitos históricos por meio de jogos como Call of Duty ou Assassin’s Creed [famosos jogos de tiro e ação-aventura, respectivamente].


►Quais são os principais desafios para ainclusão dos jogos eletrônicos nas escolas?

Lynn Alves: Os desafios são enormes, desde a falta de tecnologia, passando pela formação dos professores e também pela questão cultural. Procurei escolas para participar do edital do nosso jogo e muitas recusaram. Fazer isso dá muito trabalho, porque envolve sair do lugar. Os professores precisariam pensar e repensar a prática a partir da interação do jogo, refazer o cotidiano da sala de aulas... A maioria das escolas já tem o laboratório, mas é preciso oferecer cursos que formem os professores, discutindo práticas educacionais e pedagógicas. Se não for assim, não acontece.



►Mais informações:

Sobre Lynn Alves
Sobre Classificação Indicativa: Guia Prático


15º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens





  Ano passado pude participar do 14° Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens com meus pequenos e foi simplesmente inesquecível. Foi o primeiro passeio de nosso E.D.I. Renan de Souza Leal, onde vivenciamos um dia de novas experiências, um dia de incentivo à leitura. Saiba mais sobre esse dia em Era uma vez nosso E.D.I. no 14º Salão do Livro Infantil e Juvenil.

  Espero poder vivenciar essa experiência neste ano também, pois pelo que andei pesquisando vai ter muita coisa interessante. O 15º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens acontecerá neste ano entre os dias 5 e 16 de junho. Para todos aqueles que se interessam pela literatura infanto-juvenil como responsáveis e educadores está aí uma ótima oportunidade de diversão e incentivo à leitura para os pequenos. Este é um dos mais importantes eventos literários do país e único focado no público infantil e juvenil, e acontecerá, como no ano passado no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, Centro do Rio de Janeiro. Este ano tem como tema a Ilustração e como país homenageado a Colômbia.

  A cerimônia de abertura do 15° Salão FNLIJ acontecerá no dia 5 às 17h. O Salão reunirá 71 editoras entre 85 estandes e durante os 12 dias do evento, o público de crianças e jovens terá a chance de participar de bate-papos com os principais escritores e ilustradores do país, acompanhar a leitura de histórias e os adultos poderão assistir ao Seminário e às palestras dos Encontros Paralelos, pois Serão oferecidas palestras no Seminário FNLIJ Bartolomeu Campos de Queirós, que acontece nos dias 10, 11, 12 e 13 de junho, para profissionais da área de educação.

  Haverá ainda quatro bibliotecas, entre elas a Biblioteca para Bebês, além da visita de escolas, que pode ser agendada pelo e-mail: visitacaoescolar@fnlij.org.br.


15º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens

Data: 5 a 16 de junho de 2013
Horário: Segunda a sexta | 8h30 às 18h – Sábados e domingos | 10h às 20h
Local: Centro de Convenções SulAmérica
Av. Paulo de Frontin, 1 – Cidade Nova – Rio de Janeiro
Ingresso: R$ 5,00
Gratuidade para maiores de 60 anos, portadores de deficiência, professores da rede municipal do RJ e instituições que trabalham com crianças e jovens de comunidades de baixa renda, pré-agendadas com a FNLIJ


►Mais sobre a programação aqui