Por Érica de Campos
Charge de Ziraldo |
As férias já estão acabando e logo, logo as aulas recomeçam. Já estamos no período de livrarias e papelarias lotadas para as compras dos materiais escolares e de sufoco dos pais na readaptação das crianças aos horários para a rotina escolar.
A cada ano que se inicia essa rotina passa a ser conhecida por muitas crianças e se inicia uma nova etapa na vida delas. Essa etapa pode acontecer de forma prazerosa ou traumática. Estamos falando do ingresso na vida escolar, na Educação Infantil, onde tudo começa sendo novidade para a criança: as pessoas, o ambiente e a rotina se tornam novos desafios a serem vencidos. É de imensa importância que a adaptação à escola ocorra sem traumas, pois é neste momento que os primeiros traços da independência da criança começam a serem definidos: ficar longe dos pais e de sua casa, cumprir novos horários e regras, interagir com a professora e com os colegas de classe, é parte do processo que tornará a criança segura e feliz no ambiente escolar.
Mas nem sempre as coisas ocorrem de maneira simples e “indolor”, mesmo porque não é só a criança que faz parte desse processo. Os pais ficam na expectativa, apreensivos e ansiosos, e na maioria das vezes, mesmo sem querer, acabam por atrapalhar a adaptação da criança na escola – Por exemplo, a mãe ou o pai que demonstra medo ou insegurança para a criança ao deixá-la na escola, já sinaliza para esta que ali pode não ser um lugar bom para ela, o que gera uma certa desconfiança por parte da criança; ela dificilmente se sentirá à vontade numa situação destas.
O ideal é que os pais escolham com calma e antecedência a escola para a criança e façam com que ela participe, desde o início, deste processo. O que quero dizer é que é preciso incentivar a criança a ir à escola, prepará-la, conversar com ela sobre a escola (como é, para que serve, sua importância...), levando-a para uma visita às instalações de sua futura escola e se possível conhecer sua professora (aliás, é importante que os pais estabeleçam uma boa relação com a professora, assim a criança sentirá que a professora não é uma desconhecida), levar a criança às compras de seus materiais escolares, enfim, tudo isso ajuda para que a criança construa uma expectativa positiva em relação à escola. Ter contato com alguma outra criança em idade escolar, irmãos mais velhos, primos ou vizinhos, também facilita o processo, pois ela entenderá mais rapidamente que ir à escola é algo comum, importante e divertido.
Ingressar na escola de forma tranquila, sem traumas, é decisivo para a vida de uma criança, uma vez que é importante que esta crie laços positivos com a escola. Além disso, simboliza seu primeiro passo rumo à independência em relação aos pais, significa que esta criança terá facilidade na convivência com o outro e construirá uma vida escolar feliz e produtiva, onde as oportunidades são inúmeras e as experiências são únicas e necessárias para que se crie seu próprio espaço e busque sua própria identidade, sendo capaz de enfrentar as dificuldades que surgirem. Bem, para isso ocorra, a ajuda dos pais é fundamental. É preciso que estejam sempre presentes na vida escolar de seus filhos, lembrando que a tarefa principal é torná-los independentes, prontos para enfrentar o mundo, para viver.
Um pouco mais sobre o assunto...
Uma dica bacana de leitura sobre acompanhamento das crianças na escola é a cartilha que o cartunista Ziraldo em parceria com o MEC ilustrou (Acompanhem a vida escolar dos seus filhos) em 2008.
A cartilha, com uma linguagem simples e direta, convoca a família a participar mais e melhor da vida escolar de suas crianças, visando promover uma mobilização dea sociedade pela melhora da qualidade da educação brasileira. A cartilha está a disposição para baixar neste link do MEC.
Outra dica, é a leitura do livro infantil Sou demasiado pequena para ir à escola, de Lauren Child (2005, Editora Oficina de Livros). O livro é ideal para ser contado à crianças que estão prestes à ir para a escola pela primeira vez.
Capa do livro Sou demasiado pequena para ir à escola |
Sinopse do livro:
Lola está convencida de que é demasiado pequena para ir á escola. Com muita criatividade, Charlie, o seu irmão mais velho, convence-a a mudar de ideia. "Tenho uma irmã mais nova, a Lola. É pequena e é muito engraçada. A mãe e o pai dizem que ela já está crescida e deve ir à escola." Lola não tem assim tanta certeza.
A Lola diz:
- Sou demasiadamente pouco crescida. Sou ainda muitíssimo pequena. Diz também:
- Parece-me que não vou ter tempo para ir à escola. Estou extraordinariamente ocupada a fazer coisas importantíssimas cá em casa.
- Sou demasiadamente pouco crescida. Sou ainda muitíssimo pequena. Diz também:
- Parece-me que não vou ter tempo para ir à escola. Estou extraordinariamente ocupada a fazer coisas importantíssimas cá em casa.
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